“Algumas
coisas que um novato na blogosfera precisa saber sobre a criação e manutenção
de blogs de uma forma geral e, em especial, sobre os edublogs”.
Há cinco anos atrás eu escrevi um artigo
intitulado “Blogs, Flogs e a inclusão websocial”. Na época o foco do
artigo consistia em mostrar que estava nascendo uma forma de inclusão social na
web, a que eu chamei de “inclusão websocial”, onde usuários sem conhecimentos
da linguagem HTML e de outras linguagens de criação de páginas para a web
podiam começar a criar seus “sites” e assim conquistar seu espaço de autoria na
web por meio dos blogs, dos flogs e de outras ferramentas que então estavam
despontando na rede (inclusive o Orkut).
Naquela época os blogs eram vistos por muitos
professores como “coisa de adolescente”, pois os blogs nasceram com a
inspiração de serem “diários digitais” e, além disso, a maioria dos blogs
brasileiros tinha mesmo o formato de diário de adolescente, pois eram blogs
criados por adolescentes e que tinham como público alvo outros adolescentes.
O fato é que os adolescentes saíram na frente e
criaram seus blogs, tornam-se autores e ocuparam seu espaço na web, enquanto os
professores, em sua maioria, ainda discutiam se valia ou não a pena usar novas
tecnologias na educação.
O tempo passou. Cinco anos, na história da web, é
um tempo imenso! De 2004 para cá os blogs brasileiros caíram também no gosto de
muitos “adultos”. Jornalistas, profissionais liberais, donas de casa e (vejam
só!) até mesmo professores começaram a ocupar cada vez mais a
blogosfera.
Hoje em dia eu creio que seja bobagem discutir a
utilidade das TICs na educação, ou explicar o que é um blog, mas talvez ainda
seja tempo de falar um pouco sobre o uso pedagógico dos blogs, principalmente
tendo em vista que a cada dia mais e mais professores ingressam nesse incrível
mundo da publicação e da autoria.
Apesar de sua origem com formato e pretensão de
“diário”, o blog é, na verdade, um site. Ter um blog ou ter um site é a mesma
coisa se o objetivo for possuir um endereço na Internet onde se possam publicar
materiais diversos. A única diferença é que um “site”, no sentido original do
termo, é um espaço que requer a criação não apenas de conteúdo, mas também de
layouts, programações em HTML, CSS, javascript, PHP, SQL e outras linguagens
usadas na net.
O blog, no entanto, oferece toda essa
programação, o layout, as ferramentas de divulgação e até mesmo seu “endereço
na web” prontos, de forma que aos seus donos cabe apenas prover o conteúdo. E é
aí que está o “X” da questão!
Para que um blog sobreviva na blogosfera e cumpra
seu papel como espaço de publicação e autoria, ele precisa ter pelo menos 4
requisitos básicos:
- Possuir
um objetivo claro
- Visar um
público específico
- Possuir
conteúdo útil para o público visado
- Ser
atualizado frequentemente
5.
A “cara” do seu blog não é tão importante quanto o
conteúdo que você colocará nele, principalmente se estamos falando em um
edublog, mas dependendo do seu público ela pode ser também um requisito. Há
muitos layouts disponíveis e você pode escolher aquele que julgar mais
adequado. Vamos então nos ater ao conteúdo e ao pressuposto de que você quer
dar um “uso pedagógico” ao seu blog.
6.
Um blog com fins pedagógicos, um edublog, é um blog
destinado a algum propósito educacional. Então, o primeiro passo a ser dado é
definir o objetivo do seu blog. Você pode dar esse passo respondendo à seguinte
pergunta: quem vier ao meu blog poderá aprender sobre…
7.
Esse blog aqui, por exemplo, “Professor Digital”, é um edublog que tem
como objetivo fornecer reflexões, dicas, sugestões e materiais de consulta
sobre o uso pedagógico das TICs. Mas eu também tenho um outro blog onde o
objetivo é discutir a Educação de forma mais geral,
outro onde discuto assuntos relativos à Física e, ainda, um
outro onde simplesmente faço um diário de reflexões sobre minha escola.
Cada um deles tem um objetivo diferente e, por isso mesmo, são blogs
diferentes.
8.
Um professor de história pode criar um blog com o
objetivo de fornecer material extracurricular de história para seus alunos, ou
pode querer criar um onde apresentará e discutirá situações da atualidade, ou
ambos; um professor de matemática pode criar um blog para ensinar matemática,
ou para contar a história da matemática e contextualizar suas aulas, etc. O
assunto do blog, em si, pode variar imensamente, mas é importante entender que
edublogs são blogs focados na educação.
9.
O segundo passo consiste em definir o seu público alvo.
Se você leciona para alunos do Ensino Médio, então esse pode ser seu
público-alvo. Mas se quiser fazer um blog para apresentar experiências
didáticas, sugestões de aulas, discutir currículo ou apresentar ferramentas
auxiliares para os professores da sua área, então é claro que seu público-alvo
serão os professores e não os alunos. Você pode ser “pretensioso” e querer
atender esses diferentes públicos em um mesmo blog, mas você corre o risco de
acabar não atendendo a nenhum deles e vê-los rejeitar o seu blog.
10. É
melhor focar seu blog em um público-alvo bem específico e concentrar esforços
aí. Se você quiser atingir diferentes públicos, crie diferentes blogs, é mais
eficaz. Nesse blog aqui o meu público alvo são professores e formadores de
professores interessados no uso pedagógico das TICs. Nos meus outros blogs os
públicos-alvos são diferentes.
11. O
terceiro passo é a parte que requer mais “suor”: publicar conteúdo relevante.
Não é preciso que o conteúdo seja produzido por você mesmo, mas é preciso que o
conteúdo seja relevante, interessante e útil para quem visitar seu blog em
busca da aprendizagem que você está oferencendo. Neste blog aqui a minha opção
foi a de publicar meus próprios artigos sobre o uso pedagógico das TICs, mas há
centenas de excelentes blogs que reúnem diversas publicações de outros blogs,
inclusive do meu, e que oferecem ao seu público um material muito mais rico do
que o material que cada blog “original” oferece aos seus leitores.
12. Tanto
criar seus próprios artigos e seu próprio conteúdo, quanto pesquisar na
Internet bons artigos e materiais para então oferecê-los aos leitores do seu
blog, demanda trabalho, tempo de dedicação e muita responsabilidade, pois mesmo
não sendo um material assinado por você, ao torná-lo disponível no seu blog,
você estará sendo co-responsável pela divulgação desse material. Para quem
trabalha com Educação a responsabilidade por oferecer material de qualidade e
informação confiável é um dos pressupostos básicos.
13. Por
fim, o quarto passo talvez seja mais difícil do que o terceiro, pois implica em
repetir o terceiro passo muitas vezes, já que um blog que não recebe
atualizações frequentes tende a se tornar apenas um “repositório de textos
mortos”. É claro que esse blog sempre receberá visitas de novos usuários, mas
ele perderá seus antigos leitores por falta de conteúdo atualizado. Por outro
lado, dependendo dos conteúdos que você publique no seu blog, atualizá-lo
poderá não ser uma tarefa fácil. Além disso, é preciso dedicar um bom tempo
para essas atualizações.
Continue lendo esta matéria em http://professordigital.wordpress.com/2009/10/26/uso-pedagogico-do-blog-o-edublog/
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